quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Velha




Alívio, tentativa, procura e entendimento.
Ela teima em não sair de cena.
Visões de prazer enchem seus olhos.
Ela quer, ela precisa, ela deseja.

Amarga o sabor da certeza.
Saboreia cada pensamento.
Devora seus instintos.
Alimenta-se de cada flash sonhado.

Mas ela envelhece...

Dança, canta, fala compulsivamente.
Exorciza-se, mas quer o diabo.
Tolerante, compreende e carece.
Tomar parte, infiltrar-se, espionar.

E ela envelhece...

Não racionaliza mais, quer, pede.
Implora, roga e, em paz, e faz seus curativos.
Limpa as feridas sem a menor dor.
Sem o menor pudor, com um certo prazer.

Porém ela envelhece...


Voa ao futuro e rasga suas tripas,
Vai ao passado e purga o pus da lembrança.
Lê o presente numa carta sobre a mesa.
Os olhos minam a água doce.


Exige, requer, supõe, geme e grita.
Goza do conceito, do esboço e da opinião.
Masturba-se com audácia e lentidão.
Quem é ela?


Uma velha senhora sentada `a beira do cais.
Uma velha puta feita de entranhas repugnantes.
Uma velha criatura sem função, sem título.
Uma pessoa que é o que nunca quis ser.


Ela...