sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Nada

Costumava nadar e se encontrar nas águas,
Jamais precisara de bóias, pranchas ou tábuas,
Era auto suficiente naquelas águas, fossem frias, fossem mornas,
Num de seus mais lindos e  longos mergulhos, voltou com seu peixe dourado,

E se fizeram amigos, e se enamoraram e se fizeram amantes,
Planos Santos, Insanos, Maduros, Doidos, Roídos e Caídos,
Nadaram juntos, colados, suados e molhados,
Ele preferia costas e à ela agradava o nado sincronizado
Era belo vê-los juntos, era belo sabê-los juntos, eram belos,
Eis que surge a Sereia dos Mares e requisita o soldado dourado,
Ela se debateu, se derreteu, se comoveu, se  corroeu e se rendeu.
Nunca mais fora a mesma.

Até nadou em outras mares, em outros lagos e  oceanos,
Um nado triste, um nado só, um nado vago, um nado falho, um nado feio,
Em cada peixe, em cada ouriço, em cada cavalo marinho, ela o procurava,
Tentou inventá-lo, recriá-lo, relançá-lo e por fim dançou a valsa e cantou Titãs, 
Tentou ser má, tentou ser louca, tentou ser sórdida, tentou ser móbida e vadiar, 
Mas tudo em vão, ele estava são e ela dona de boa e bonita índole,  
Decidiu jogar.

Apostou alto, calçou o salto, vestiu o manto e se pos num canto,
Passou por ele fez que não viu, olhou de lado e ele sorriu ,
Corou de medo, endureceu de tédio, morreu de ódio, ruborizou de desejo,
Inspirada, desesperada, enamorada, descabelada e encantada decidiu amar,

Amor com força, amor coragem, amor de fato, amou inteira e até faceira,
Nada com ele, nada sem ele, nada,
Nos mesmos mares, lagos, riachos e oceânos.
N.A.D.A