segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Ajuste










O bem-estar vai aprochegando-se,
Manso, vagaroso, sereno; porém tardio,
A missão é aguardar sem pressa,
Desgustar cada momento da espera,
Com meu binóculo invisível contemplo a chegada,

Dias contados na ampulheta de areia colorida,
Uma espera colossal dentro de um viver abissal,
Felicidades e alegrias do existir em dois,
Saudades do viver em três,

Embebida pelos trejeitos dele,
Meu bem querer vai me mimando,
Me ninando nas noites de insônia,
Me amando nos dias de paixão,

Jogados e cansados relembramos,
O passado e antevemos o porvir,
E ela sempre conosco,
Figura marcante e sempre importante,

Presentes, lembranças, cacarecos,
Tudo vai se acomodando na grande arca,
Mas a demora faz a vida ficar mais viscosa, compassada e pegajosa,
Feito o fio que tece renda,

Minha roca de fiar cada vez mais afiada,
Furo dedo, sai o sangue,
Não dói, só incomoda, debilita
A decadência da espera, às vezes, me faz definhar,

O dia de debandar está por vir,
Dia de luz e cor,
Dia de sombra e dor,
Divida, separa, junta ou reunida,

Tudo é ambíguo, desordenado e imperfeito,
A roda vagueia, o pião gira e a confusão se instaura,
Na mente, na carne e padecemos juntos,
Desequilibrados, desnorteados e desatinados.


















Nenhum comentário: