terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sem Máscaras

Descaracterizou-se rapidamente para não ser reconhecida,
Lavou a alma e o espírito com a água benta - era santa,
Os pés alternavam-se pisando no chão macio do tapete,
Revitalizada e desmascarada, apareceu e não sorriu,


O jogo já tinha começado há muitos meses atrás
Ela já estava no segundo tempo e bastante aquecida,
E ele, descaradamente, usava o uniforme o time adversário,
Afogada em sonhos de vitória, ela percebeu-se vazia - era puta,

Enfeitou-se com pérolas, argolas, plumas e penas coloridas,
Porém, estava em preto e branco por dentro - fingia muito,
Sem medo ou pudor, sorria sempre e chorava pouco,
Pintava os olhos e passava baton -  era atriz,


Enfiou-se no quarto e representou a cena,
Sua performace sempre fora muito convincente, 
A dele também, com mentiras e fingimentos,
Eles pagavam um preço alto para manter a ordem,

Bebiam a bebida doce, surtavam em momentos mútuos,
Dançavam a dança do nada e viviam a vida morna juntos ,
Ela vasculhou os cantos e omitiu-se,
Ele não mentiu, mas não se envolveu de vez.


Mereciam-se, escondiam-se, recolhiam-se e encolhiam-se,
Murchos, secos, gastos,  foscos e desgraçados,
Seguiam andando pra trás, de marcha ré, de costas e às cegas,
Os anjos cantaram e os deuses abençoaram aquela desunião.




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