quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Audácia




Conhecer pessoas faz bem ao corpo, espírito, coração e alma. É o que move a vida; encontrar, conversar, traduzir, desnudar, despojar, subsistir, conservar, permanecer, resistir, trocar e conviver com o diferente ou o igual.


Pois é, na verdade, faço alguma força para travar novos conhecimentos, mas isso me enfastia por demais... Ter que me expor a cada novo encontro, colocar outra vez minhas idéias, já tão mutantes e confusas, sobre as mesas alheias, me despir a alma para que o outro me entenda, me perceba, me compreenda e até nutra algum sentimento bom por mim. E, também, o desvendar do outro tem me exasperado e incomodado um tanto.


Deixei-me cruzar com muitas pessoas, umas me enriqueceram, outras me apoquentaram. Porém, vou sempre procurando trocar experiências de passado, presente, planejar algumas coisinhas bobas para o futuro e assim, de maneira harmoniosa e bendita, consumo meu dia-a-dia. Mas, me canso fácil de situações, de pessoas, de histórias, da mesmisse do cotidiano. Coisa minha, defeito meu, mas fazer o quê? Esta sou eu!


Fato é, que certos temas propostos vão ficando mais e mais desconectados da minha realidade, tornam-se idéias virtuais, proposições desunidas da objetividade, discursos papagaióticos, falas desorientadas, decisões mutáveis e transitórias como o vento, nada muito concreto ou palpável, sonhos e idéias de adolescentes em fase de crescimento. Tudo seria perfeito, caso eu ainda fosse aquela menininha entre 15 e 20 anos, totalmente desplugada do verdadeiro e do efetivo.


O que mais me aflige são as palavras ditas carregadas de heterogeneidade, são os atos, atitudes e resoluções desconexos, a "mistureba" que oprime qualquer ser vivente e o submerge num mar de doidices e conspirações alucinadas vindas do nada e do tudo.


Para mim, não têm aparência uniforme, são frases ditas com aparente seriedade e firmeza; porém, numa sucessão de minutos ou horas se dissipariam como vento. E isso me inquieta. Sou desassossegada por natureza...

Vou, aos poucos, tomando consciência, de que cada um tem seu próprio mundo. E cada mundo é único e intransponível, carregado de palavras e frases inocentes, sutis, elegantes mas quase sempre proferidas com imponência e ares de arrogância. A soberba do saber, do fazer, do ter e não do Ser. E esse movimento forte e giratório do mundo mói e tritura meu self. Apoquento-me, amofino-me, perturbo-me. Defeito meu, Mea culpa, mea culpa!


Cansada de gente, com saudade da MINHA gente, remoo lembranças suaves e graciosas de pessoas amadas, meu canto, meu verso, minhas solidões sazonais, minhas quietudes e inquietudes, meu exílio opcional, minhas introspecções voluntárias, meu em-torno, minhas ausências e fantasmas.


Seres, coisas, vácuos, intervalos e espaços que ainda estão por serem preenchidos.


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