sábado, 30 de agosto de 2008

Ode


Esta página é integralmente dedicada à mágica da amizade.

Uma verdadeira, leal e sincera amizade que começou com uma tímida e simples tortinha de bluberries sem açúcar - minha nova amiga não deve exagerar nessa substância extraída da cana de açúcar. Respeitei.

Provavelmente ela nunca venha a ler a página feita por ela e para ela. Não me sinto ofendida, desdenhadada nem desprezada. Entendo.
Entretanto não consigo calar, pois quando meu coração e cabeça se desassossegam, as palavras e sentimentos se alvoroçam dentro de mim, é escrevendo que encontro minha quietude interior e inteira.

Nossos universos são absolutamentes distintos, somos quase água e vinho. E é isso que faz a beleza e leveza da nossa amizade e minha admiração por ela é enorme. Nos aceitamos e nos gostamos do jeitinho que somos uma para a outra. Não disfarçamos. Aprecio

Sorriso aberto, pensamentos livres, criatividade à flor da pele, sensibilidade saindo pelos poros, atitudes doces, conduta correta, muitos filmes e muita leitura- Essa é ela, minha amiga.
Em cada encontro o prazer da troca, o prazer de vê-la, de tê-la por perto, o conforto nas horas doídas e as broncas quando eu saio do salto. Tudo é sempre muito bem-vindo. Tudo muito querido, quero um bem enorme à essa criaturinha delicada e amável.

Magia construtiva e agregadora de uma amizade embebida em conversas infindáveis, cursinho básico feito juntas, fofoquinhas inocentes, novidades vindas do Rio e de São Paulo, algumas compras, cumplicidade de pequenos segredos, boas discussões, divergências de opiniões e filosofias. Porém, tudo nos mantém unidas e reunidas nessa nossa chuva de verão.


Sabemos no fundo de nossos corações que nada é para sempre, nada é eterno, amanhã não será como está sendo hoje, pois essa chuva tem dia e hora para estiar.
Não projetamos nossos futuros nos incluindo uma na vida da outra; porém, de vez enquando combinamos algumas poucas visitas que nos faremos.
Não nos iludimos, não nos enganamos, não fazemos juramentos de amizade eterna.
Apenas fecharemos nossos guarda-chuvas. Somos humanas, hoje somos amigas e pronto.

Quando o sol voltar a reinar imperioso e impiedoso no céu da pátria amada, cada uma vai seguir o que já havia planejado para seu curso de vida, rever os antigos amigos, (re)examinar projetos passados e fazer novos planos para os próximos anos.
Cada uma vai levar em si um "tiquinho" da outra e jamais seremos como éramos antes de nos conhecermos. Trocamos, dividimos e aprendemos.

Eu, de minha parte, leverei comigo memórias, fotos, lembranças, saudades, ternura, simplicidade e a meiguice da nossa amizade.
Partirei carregando no container da vida, um pedaço da minha história que contarei a meus netos.
E nesse capítulo da chuva de verão constará com muito carinho, zelo e chamego você, minha amiga.
Direi-lhes quão bom foi conviver com você e, em detalhes, tentarei desenhar sua figura singela; porém, valente e guerreira, aos olhinhos deles.
Mas se depois dos nossos guarda-chuvas fechados ainda for possível nos vermos, levarei as crianças para aprenderem a tomar chá na sua sala de estar.

Levo a tortinha, desta vez você escolhe a fruta, que pode ser; goiaba, açaí, abacaxi, umbu, banana, sapoti, cajá, caju, graviola ou jambo, qualquer fruta, desde que, radicalmente, tropical!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Taças




Meu
rio está cinza chumbo, meu céu azul, minhas nuvens brancas,
Meu café preto, meu cabelo castanho, minhas flores liláses,
Meu sangue vermelho, minha pele amarela, minhas uvas roxas,
A cidade coberta e recoberta de verde e amarelo,
Minhas unhas francezinhas,

Cores se misturam, estações mudam, lugares se substituem, pessoas se transferem, se deslocam,
As caixas não são sufucientes e minhas coisas se reproduzem,
Entre idas e vindas do tal "refuse closet", vou me desfazendo de tudo o quanto posso,
Jogo fora o novo, jogo fora o velho, jogo o que não consigo levar comigo.

Levo pouco, não preciso de muito,

As buzinas ecoam, as sirenes berram, o povo corre apressado.
O equilíbrio, vez ou outra, falta, forças iguais e contrárias, tudo na proporção devida,
Uma indefinição grave e heróica, a certeza magnífica com dimensões reduzidas,
O telefone toca, mais uma cilada, mais uma charada não decifrada,
A porta se abre, o vinho não chega,

As taças, já empacotadas, tranquilas aguardam por serem usadas,
A alforria se retarda, os negros permanecem com seus gritos entalados,
As gargantas sufocadas, abafadas e reprimidas,
Dependem do fio da navalha afiada,
Para, enfim, gritarem: "LIBERDADE"

A princesa tarda em assinar tal carta,
Não há pressa, o quartel encontra-se em prontidão,
Será com desembaraço e agilidade que os soldados pegarão suas armas,
Não são armas de fogo nem de matar,
São as armas da brandura e da bravura,

Nada religioso, tudo misterioso,
A fé é acionada com constância e veêmencia,
Fechando a composição física, energética e espiritual,
Nenhuma mossa, nenhum trincamento, nada fragmentado,
A linha cósmica prossegue intacta,

Modificando corpos, matérias, canalizando ações e revitalizações,
Mantendo o bom e estimulando o excelente,
As cores vão se transformando,
Os barulhos externos cessando,
E sobram esperanças, probabilidades, expectativas.

Vivo, vives, vive, vivemos, viveis e vivem


quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Copo d'água




Hidrate-se. Porque não há como evitar. Lágrimas sempre vão rolar.
Vamos nos emocionar, vamos nos encantar, nos decepcionar, vamos passar pela dor e pelo contentamento, vamos ganhar e vamos perder.
Vamos calar, engasgados com aquele nó apertado na garganta e uma enorme vontade de desabar num longo choro doído, gostoso, copioso e abundante.
É o choro libertador.

Choraremos na chegada e na partida, no nascimento e na morte. No início e no final. Choraremos.

Mantenha-se calmo. Chorar faz bem, dissipa as nuvens dos nossos dias recobertos pela melancolia das aflições e libera nossos sentimentos mais intensos e tocantes.
Chorar é nobre. Chorar é para meninos e meninas.
Chorar é mostrar coragem de se desnudar psicológica e emocionalmente, seja pelo amor ou pelo raiva, seja pela vitória ou pelo fracasso.
Chorar não dói. Choramos porque doeu. Da mesma forma que chorar não traz felicidade, choramos por estarmos em estado de graça, felizes, radiantes e iluminados.

Vamos chorar nossos companheiros, filhos, pais e amigos. Na maioria da vezes serão lágrimas de felicidade e compartilhamento de prazeres, sucesso e alegrias. Entretanto, existirão situações que nos farão chorar o choro do pesar, a lágrima do sofrimento e da dor.

Choraremos.
Choraremos sozinhos, juntos, perante outros, mudos ou aos gritos. Choraremos muito ou pouco. Choraremos entre gargalhadas sonoras ou murmurando palavras tímidas que só nós compreendemos.
Melhor começar a aprender a não prender o choro, melhor entender que a lágrima da alegria não carrega em si a ruga do amanhã, melhor chorar com alguém do que por alguém.

Meu copo d'água, por favor!





segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Borboletas



Passada, perplexa, perpendicular e particularmente,
Incerta, indecisa, incapaz, indefesa; porém, intensa,
Caminhos cortados, casais cansados,
Desunidos, desligados e dissolvidos,

Sonhos sonhados e sonhos sonegados,
Realidade reta, roída e rude,
Vida viva!
Virando a esquina vê-se o eficaz,

O prazer de ser e estar ao lado de seu âmago,
Cada vez mais acirrado, penetrante e ativo,
Reaprender não é para os covardes,
Renascer é para os de tenacidade,

Contumaz e frenética, segue em buscas,
Decidida, resolvida e pronta para o sucesso,
Que vem vindo ameno, gracioso e homeopático,
Borboletas, flores, aromas, amoras e amores,

Tudo vem doce, terno, meigo e levemente inebriado,
Com o mel da vida nova, desabrochada e desconhecida,
Mas tudo vem, no seu tempo e espaço,
Desatar os nós, extinguir o fogo e transformar em pó,

O não-acontecido, o abortado, o não-nascido,
A hora é de sim, muitos e muitos "sins",
Sim para o novo, inesperado, imprevisto e cativante,
Sim para o arrebatador e para o mensageiro da Primavera.




Ajuste










O bem-estar vai aprochegando-se,
Manso, vagaroso, sereno; porém tardio,
A missão é aguardar sem pressa,
Desgustar cada momento da espera,
Com meu binóculo invisível contemplo a chegada,

Dias contados na ampulheta de areia colorida,
Uma espera colossal dentro de um viver abissal,
Felicidades e alegrias do existir em dois,
Saudades do viver em três,

Embebida pelos trejeitos dele,
Meu bem querer vai me mimando,
Me ninando nas noites de insônia,
Me amando nos dias de paixão,

Jogados e cansados relembramos,
O passado e antevemos o porvir,
E ela sempre conosco,
Figura marcante e sempre importante,

Presentes, lembranças, cacarecos,
Tudo vai se acomodando na grande arca,
Mas a demora faz a vida ficar mais viscosa, compassada e pegajosa,
Feito o fio que tece renda,

Minha roca de fiar cada vez mais afiada,
Furo dedo, sai o sangue,
Não dói, só incomoda, debilita
A decadência da espera, às vezes, me faz definhar,

O dia de debandar está por vir,
Dia de luz e cor,
Dia de sombra e dor,
Divida, separa, junta ou reunida,

Tudo é ambíguo, desordenado e imperfeito,
A roda vagueia, o pião gira e a confusão se instaura,
Na mente, na carne e padecemos juntos,
Desequilibrados, desnorteados e desatinados.


















segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Versando




Cansei de ter como provável o impossível,
Esfalfei-me por cravar as unhas, que não tenho, nas oportunidades,
Reparo que os acontecimentos são lentos demais para minhas retinas,
O realizar-se afigura-se inverossímil,
As ocasiões retardam-se,
O célebre e notável avizinham-se,
Atada e estagnada perco minha mobilidade,

Partir para o combate e confronto não me trariam conforto,
Aconchego-me no ninho do covil,
Mostro-me submissa, mas usando a simulada máscara,
Intrépida, misturo meu líquido volátil ao da cidade,

Consiredações não são mais deferências necessárias,
O existir toma forma de crueldade e insensibilidade,
O ridículo é adequado, justo e conveniente,
O poder é podre, deteriorado e está em decomposiçào,
O adversário é o amigo mais próximo,

Verso, verto, converto credos, crenças e convicções,
Cato meus cacos e acato o caos,
Estilhaços espalhados e destroçados,
Sina, sinal e sinos soam singelos,

Um cheiro de céu estrelado invade minhas narinas,
Perfume de lembranças exala do difusor,
A lama da língua empurra sons que não ecoam decorosamente,
Os dentes se expõem; porém, ocultados pelos lábios,

O martelo martiriza a já maníaca madeira,
Mostro amostras de cansaço,
Ministro
a sinistra cadeira,
Feita e forjada de agonias fingidas.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Comigo









Em processo,
metamorfoseando, em transição, em transformação, oprimida pelas mudanças, me modificando, me alterando, agarrada ao jeans com tênis, me confundo. Meu encontro comigo vai acontecendo, lento, sútil, consiso, indizível e encantador.

Minhas mãos gelam, minha cabeça roda, meu corpo treme. Confrontar-me com ela é, escandalosamente, atemorizante. Quem é essa mulher que me assunta, me apavora, me amedronta com suas novas e inusitadas manias. Com suas vontades e demandas que se confrontam com as minhas? Quem é ela que me aparece de quando em quando, me levando para dimensões e chãos jamais pisados por meus pés quentes e afogados no lodo do passado? Capaz de elevar minha auto-estima, ela vai me sofisticando, provocando minha elegância e vaidade.

Ociosamente e preguiçosamente, vou me deixando levar por ela. Cada dia uma lição nova. Ela é muito mais inteligente e bonita do que eu, sabe o quer e, definitivamente, tem uma auto-confiança de dar inveja. Tenho ciúmes dela, cobiço seu poder e lugar.
A intimidade dela com ela mesma é nojenta e me provoca repulsa. Porém, ela vai se apoderando do meu corpo, de mim por inteira, e eu não sou mais eu.

Debilitada e sem forças para lutar contra ela vou permitindo, orgulhosamente, uma mulher renovada tomar consistência da minha parte visível aos olhos da humanidade. Nervosamente e atenta aprecio cada detalhe das mudanças e restaurações que ela tem feito em mim. Ancora no meu porto uma pessoa linda, vaidosa e exigente, que desenvolveu sua maneira própria e peculiar de ser. Desguarnecida, desarmada e com alguma petulância autorizo o desembarque.

A mandala da vida passa por mim lentamente e vai refletindo essa pessoa que eu sempre quis ser. Embora saindo, completamente, da minha zona de conforto e segurança, vou arriscando um brilho aqui um salto mais alto ali. Uma novo rímel, uma nova base, uma sombra arrojada. Vou me imputando obrigações de carinho e beleza de mim para mim mesma.
Vou aprendendo pequenos truques de moda e beleza e me apegando à certas coisinhas desnecessárias, mas obrigatórias e indispensáveis para esse novo rumo que ela me fez seguir.

Sem perder minha essência, meu conteúdo, meu interior, minha substância concreta, me aventuro seriamente nessa experiência de cuidar-me, amar-me e enfeitar-me. Para ninguém, para mim. Quero a singularidade, a complexidade, a bravura, o ultrapassar.
Quero ser única, complicada, valente, transpor a tangente, morar e re-existir em mim.

Ela, que já me habitava, me fez provar o belo, desafiou possibilidades ocultas e capacidades latentes em mim e esse conjunto de normas inovadoras e petulantes
agradaram-me os cinco sentidos.

Resplandeço e saliento-me. Estou em evidência.




terça-feira, 12 de agosto de 2008

Rolam os dados






Eu tenho consciência de que não posso estar presente em tudo que acontece na vida dela; pois a vida é dela, claro.
Compreendo que de modo algum poderei enumerar sua inúmeras qualidades para os indivíduos que a selecionarão um dia.
Nunca terei licença para apresentá-la aos mestres que elaboraram as temidas questões, para poder contar-lhes que ela foi uma aluna muito devotada.
Não me autorizarão ir para o local de provas com ela, mesmo que eu alegasse que ficaria sentada, bem quietinha, só observando seus movimentos durante os exames.
Nunca me permitirão segurar suas mãozinhas suadas, pelo nervosismo, na horinha exata da prova, apenas para poder acalmá-la e sussurrar no seu ouvido que só por estar alí, ela já é uma vencedora.
Sei também que não terei acesso à banca examinadora para dizer-lhes o quanto ela estudou.
Minha entrada será bloqueada quando a banca estiver reunida corringindo as provas dela, logo jamais conseguirei fazê-los ver quão dedicada e obstinada ela foi durante este ano de "coma".

Infelizmente, eu não posso, limitam-me, proibem-me, restringem-me.
Resta para mim então, encorajá-la a não perder a coragem, a garra, a vontade e o ânimo.
Pedir à ela perseverança, valentia e firmeza de propósitos.
Emanar flúidos de confiança, otimismo e segurança.
Mentalizar, projetar e ver com olhos de anjo seu resultado feliz.
Lembrar-lhe de que ela é capaz, tem valor próprio e o seu sucesso está logo alí, ao alcance de sua mãos.

O que posso, sem pedir permissão, licença, autorização e consentimento é amar-lhe. Independente de qualquer condição, total e ilimitadamente.

Eu sou a sua mãe.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Amaya












Deve ser, realmente, muito curioso e singular, quando você programa uma coisa para a sua vida e, de repente, de uma hora para a outra brota - Amaya.

Dizem que ela revelou-se pela primeira vez numa atmosfera de bastante desenvoltura e estava muito espirituosa.
Foi um choque, espécie de comoção geral, para todos os presentes na "tal cerimônia", pois a personagem foi tomando uma forma bastante descansada, expansiva e sociável.

Amaya tornou-se pessoa essencial na vida dos que estavam ao seu redor.
Tinha um jeito meio insolente de ser; porém, disfarçado em performances descontraídas e relaxadas. Fazia a turma alegre e não se constrangia com coisa alguma.

Um pouco vulgar, pretensiosa e afetada, mas soava feliz. Fazia cenas com casos pequenos, sempre teatral e pitoresca.

Encantava os demais, era lida como indivizível. Entretanto, de quando em quando, alguém precisava chamá-la a realidade, por seus pés no solo, comum a todos os mortais e lembrá-la de que o mundo não rodava em torno do seu umbigo.


Enfurecia-se, rodeava-se de demônios, perdia o controle, melindrava-se, causava pânico, celebrava o terror com gritos e gemidos agudos e afiados.
Era o gênio do mal encarnado na tão deliciosa e inebriante figura.
Acalmá-la era tarefa árdua, pois a criatura detinha-se frustrada e amaldiçoada pelo cosmos por um longo tempo.


Por fim, o espírito das trevas dava lugar a encantadora e sedutora persona.

Voz aveludada, sorrisos tentadores e cativantes reapareciam pelos lábios de Amaya.

Amaya foi uma criatura produzida,
infernalmente, dentro do inconsciente, vinha das entranhas primitivas, com a única finalidade de atormentar os já sem equilíbrio, aqueles que não têm igualdade de forças, os desassossegados e desamparados.

Criada e cravada na cratera da dissimulação e persuasão.
Atolada, atochada e abarrotada de máscaras demoníacas.
Enterrada,
escavada e esquecida na casa e na cadeira vazias.

Cuida-te, equilibra-te, permanece com tuas forças iguais e unidas.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Timeless





Cismada, desconfiada, meditativa, com um idéia fixa e até um pouco desorientada.

Estamos todos crescendo.

Meus olhos desnudam a insensata ocasião com certa surpresa e embaraço.
A percepção do real é um tanto quanto alienada e imprudente, mas bendita.

Não desejo me perder, mas também não me toleraria presa e cativa do tempo.

A coisa já está feita.

Anseios para meu infinito particular são manter-me inabalável comigo mesma; porém, buscar de modo investigativo e incessante, esse novo e intrigante capítulo da vida.

Fabulosamente irreconhecível, sem barreiras ou cercas capazes de me manterem encarcerada ao meu antigo Eu.

Vejo emergir uma versão original e inexperiente de mim.
Uma mistura atraente e simpática de uma séries de mulheres minhas e alheias. Ressurjo, recrio-me abstrata e concretamente a partir de exemplos e modelos que, eventualmente, me seduzem ou fascinam.

Como um quebra-cabeça, vou coordenando cores, aromas, amores e arrumando minhas gavetas.
Sem muito cuidado em seguir a direção correta, mas nunca desapontada com os caminhos escolhidos e impostos. Lá vou eu.

E vou comigo, com você, com ela, com ele, com todos e todas, nem sempre para o ponto certo, mas lá vou eu.
Lá vou eu sem rumo, sem presenças e vexada por chegar.

Lá vou eu. A nova e a antiga. A misturada e a acumulada. A exagerada e a oprimida. A arrogante e a dominadora.

O tempo teima em me levar, mas também o arrasto comigo. Sobrecarregada com seus efeitos em minha epiderme e órgãos.

Então, lá vou eu e lá vamos nós. Lá vai você, lá vai ela, ele e todos que decidiram-se pela vida.